Desculpa o inglês

Giovana Valadares
2 min readApr 30, 2023

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A sinceridade não rompe o envolvimento, lembro até voltar a acreditar. Você acendeu a luz baixa pra mim, eu precisava ver seu rosto, mesmo tendo já visto pelo maior tempo até então. Eu ficaria a semana inteira olhando, “it’s easy baby”.

Uma cinza cai na varanda e levantei rápido demais pra entender finalmente que não dá pra saber nem se é possível ter a lua e esse clima de pertencer sem pertencer nunca mais.

E foi nessas que ouvi frases dispersas sobre o amor enquanto caminhava no campus, “inimiga do amor”, “o amor vence tudo”, “é fogo que arde sem se ver”, “é do amor que a gente tá falando, cara”.

Muito tempo depois o novo álbum da lana del rey e seu “maybe tomorrow you’ll know” me fez pensar em voltar a amar como no começo de tudo. Mas ela também fala sobre pular do prédio sem pensar.

Distração distração distração pescoço ombro canto distração ignorada você tem dez minutos e não mais a semana inteira pra resolver isso esses não ditos que vem nos sonhos eu apagando o incêndio no prédio olha o sonho com o amor de novo como que sai daqui?

O armário embutido ainda me recordou o do quarto da minha vó e quando eu não sabia que as coisas acabavam mesmo com o outono lá fora. Amar tanto alguém me dá medo dela ter um ataque cardíaco antes de tomar banho depois de fazer exercício físico e com isso eu quase disquei o seu número.

É domingo de novo e assumi que os meandros de outros não anulam o que me sustentou até aqui. Parar de confundir os blocos, as divisões, minha dispersão. Esse perigeu tão inconveniente.

A sinceridade não vem só em respostas verbais ou mensagens às nove horas da noite. Sem empurrar o acaso, vou tocar o que foi feito para ser tocado.

Ou aquela do chet faker, “whatever tomorrow”. Desculpa.

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