Dois meses depois do carnaval

Giovana Valadares
1 min readApr 22, 2024

Me enveredo pra um lugar ou um cheiro daqueles que você percebe e não sabe de onde vem. É que se desmanchar em palavras é uma cócegas não tão prazerosa pois qualquer espasmo lá vem você. Como agora que coloquei o lençol novo na cama e tomei um café com leite um pouco mais doce do que deveria. Ou quando finalmente adentrei pela história de Torto Arado.

Sem fantasias em excesso, mas acompanhada. Nessa pausa que dou pra ser uma pessoa mais prática: e é só mais uma pausa. Nos atrasos, nas horas da madrugada em que já não estou mais. Disposições de móveis sendo testadas, parques sendo conhecidos, alegrias inéditas, problemas estreantes. Ainda me confundo com os horários dos remédios. Mas eu queria poder dizer que esqueci.

O cansaço é diferente, pois deixar pra trás é mais relíquia do que ação. Depois de tantos anos, não tem frase inesperada que seja apenas um incidente. Ou que ampare. Como se a ideia do minuto seguinte só pudesse ser palpável com a reconciliação, palavra grande pra algo que me vence sem saber que vence.

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