Eu disse que ia escrever hoje

Venho carregando a minha luminária mais vezes do que deveria, pra ver se sai dela qualquer outra coisa que não seja luz. Ela foi o primeiro item que comprei depois que percebi que não gostaria mais de viver no meio termo — apesar de nunca ter entendido o que é viver no meio termo.

Não, não há uma lista de compras, há algo ainda mais triste que isso. Me desvendei pra colocar a mão no meu próprio exagero, e não tinha ninguém por perto pra eu contar o que descobri.

Ver a moça pegando a embalagem de cookies tão rápido naquele corredor me fez lembrar por um segundo como é ter uma certeza imediata. Como é segurar as pontas sem estar pelos cantos.

E a vontade de dizer que achava não se tratar mais de amor, quando tudo que queria era que essa dor fosse de amor. Penso mais nas palavras que perdi do que aperto campanhias. Mas ela digitou “tomara” no bloco de notas e esqueceu a palavra ali. Tomara.