For no one

Giovana Valadares
1 min readJul 5, 2022

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Tem mesmo um ponto de interrogação perscrutando todo o meu habitat e nenhum motivo para ser encurralada. Não tenho o material correto pra marcar a linha tracejada dos meus limites sem fazer uma curva a mais com a caneta. Um passo em falso e alcanço seus ombros.

Choro aos cântaros assim como Marco em Fale com Ela de Almodóvar e declaro então que ontem me corroí pela costela para não puxá-lo pelo braço e perguntar sobre a conta que se paga quando não se tem um lugar além da linha tênue.

Uma declaração ao léu, não entregue, só vira palavra, assim? Palavra que brinca com o futuro e vai para trás cada vez que é relida. Sem se repreender, apenas contente por ter existido ao lado de outras palavras.

Esses comboios românticos que a gente vai lá e deposita a troca da trama: eu quero que você comprove que eu existo só para eu poder dizer o quão equivocado você está. É feroz e se tá sob a mesa, rejeito.

Experiências inaugurais que não permitem nenhum desvio do passado, um ardor em montar cenários até que eles enfim se montam e eu desprevenida igual quando não percebi que disse “não posso” quando era para ser “não deveria”. Suspiros, encruzilhadas, saindo de fininho com rodeios, taí eu fiz tudo pra você gostar de mim. Uma contenção de danos em que os danos é que dão o norte.

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